Criando pontes.

Publicado originalmente em 29 jun 2013

0 PASSOS DO AQUÁRIO(emprego) PARA O OCEANO(trabalho)
“Você pulou do aquário ou arrebentou o aquário?”, me perguntou certa vez um Diretor de RH de grande empresa.
“Quer dizer que existe vida fora das empresas?”, ouvi de outro, este último ligado a uma instituição financeira.

As reflexões que fizemos levaram-me a pensar mais sobre essa questão que é bem pertinente, não só à minha geração, bem como daqueles que estão chegando ao mercado de trabalho.
Costumo dizer em conversas e palestras, que somos uma “geração meio”, ou seja, já não estamos na geração dos nossos pais (aquela em que o sonho de consumo era um emprego no Banco do Brasil ou Petrobrás, ou mesmo um emprego público e aposentadoria garantida), visualizamos um futuro com o olhar dos nossos filhos(a geração do trabalho e não mais do emprego) e ficamos dessa forma: a cabeça no passado , o olhar no futuro e o presente em constante mutação…

Certa vez, entrei em um banco e vi um folder, desses para divulgação de produtos, com uma imagem que me chamou a atenção(recortei e coloquei numa moldura).
Nela, um pequeno peixe, dentro de um aquário, avistava com olhar fixo, através da janela, um imenso oceano…
Em outra oportunidade, recebi um amigo, Gerente de Banco, no meu escritório e ele questionava uma decisão que pensava em tomar: mostrei-lhe o quadro e pedi que refletisse em cima da imagem.
O que desejava naquele momento? Segurança e conforto ou risco e liberdade?
E percebo em visitas a empresas e conversas com os profissionais, que essa é uma questão muito presente na vida das pessoas…

Normalmente quem está dentro do aquário questiona-o e visualiza o oceano.
Quem está do lado de fora por vezes angustia-se com a insegurança e pensa no aquário como solução…
E então? O aquário com a sua segurança (?) e conforto ou o oceano com tamanho risco e tamanha liberdade?
A felicidade não está nesta ou naquela opção, depende da natureza de cada um, mas para dar vazão à reflexão acima, considerando que a alternativa escolhida seja deixar o aquário e navegar nas ondas do oceano, vamos seguir com a provocação.

Qual seria a saída para essa mudança? Para encarar esse desafio e não ficar esperando que a decisão passe por um enxugamento do quadro da empresa? – nesse caso a responsabilidade “é do outro”?.

A imagem da construção de uma ponte parece-me a ideal, associada a alguns passos que chamarei de os “10 passos do Aquário para o Oceano”.

1- “Conhece-te a ti mesmo” – isso é antigo é socrático, mas é o primeiro passo para gerar a mudança – ampliar a consciência sobre si mesmo. Não dá para acertar o seu relógio pelo do outro… Ainda na imagem do peixe e do aquário, é preciso saber se a sua natureza é de “água doce ou salgada”, rio e mar são diferentes…

2- Comunique-se – é importante ter humildade e conversar com outros que já estão navegando nesse oceano há mais tempo. Saber das dores e delícias é poder conectar-se com esse novo mundo, sabendo, entretanto, que cada experiência é única…

3- Cuidado com o emocional – Acompanhei decisões de mudanças, movidas pelo emocional(“estou de saco cheio”, “não agüento mais isso”), mobilizarem decisões que muito freqüentemente levaram ao arrependimento, justamente pela falta de planejamento da decisão. No caso do primeiro questionamento, o peixe literalmente estaria “pulando do aquário”, já que num movimento brusco(emocional) decidiu sair, mas…

4- Não espere ser “cozido na panela” – O exemplo do sapo cabe bem aqui. Se um sapo for jogado numa panela fervendo ele vai pular. Se for colocado na panela com água fria e a água for esquentando aos poucos, ele vai ser cozido sem perceber…E assim acontece nas empresas… Será que isso vai atingir apenas o outro? Se eu “ficar quieto” a onda passará? Passará ou me levará junto?

5- Visualize o ponto futuro e ancore no propósito – No trabalho de Planejamento Estratégico a primeira etapa é a Visão. De visionário, mesmo. Estou aqui e quero estar ali- o que preciso fazer hoje, para trazer o amanhã para o presente? .
Passa pelo sonho, é proativo e não reativo. Ancore-se no propósito (a missão), o sentido de serviço. É ele quem vai lhe segurar em momentos de tormentas e de ressaca da maré…

6- Construa a ponte – É preciso negociar… Muitas vezes, com muita gente… Primeiro com você(saber do que vai precisar abrir mão, do que vai precisar abandonar – geralmente segurança , status, conforto- será que você está disposto?). Depois com os outros que estão com você(o outro só incomoda quando ainda não estamos resolvidos…). Nesse caso o nosso herói, o peixe, arrebentou o aquário, considerando que passou pelas reflexões acima e negociou(sobretudo) internamente…

7- Busque parceiros – Ninguém consegue realizar um sonho sozinho. A interdependência é uma realidade humana (“toda pessoa sempre é a marca das lições diárias de outras tantas pessoas”). O importante é que essa busca e identificação dos parceiros esteja em acordo com o item número 1 desta lista -valores e crenças precisam estar alinhados.

8- Trabalhe a auto-estima e seja paciente – Quando as coisas não estiverem acontecendo como você desejava, vá fazer outra coisa (almoçar com um amigo, ir ao cinema etc), mas fique atento à ansiedade! Ninguém vai querer contratar um profissional ansioso por fechar um negócio…

9- Deixe uma reserva($) – Pode ser que o mar não esteja para peixe… Em muitos momentos ela vai ser fundamental para que você não volte correndo para o aquário… Um planejamento financeiro será fundamental!

10- Em branco – O décimo passo vai ficar em branco. Ele é o novo, aquilo que surpreende, o inusitado. É estar aberto a novas possibilidades…Como já disse o genial Raul Seixas “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, a ter aquela velha opinião formada sobre tudo”… Estamos em permanente transformação(a cada dia), a cada dia novas idéias, novos pensamentos, sentimentos, novas pessoas que surgem…

Ficar aberto à magia da vida é aprender com o aquário e o oceano de oportunidades…
Antonio Luiz Amorim
Consultor Organizacional
Autor de Construindo Pontes: 10 passos do aquário(emprego) para o oceano(trabalho) Ed. Qualitymark
www.antonioamorim.com.br

Publicado por

Carlla Zanna

Psicóloga especializada em Psicologia Organizacional, pós-graduada em Desenvolvimento Humano e MBA em Recursos Humanos. Possui formação em consultoria com base na antoposofia. É certificada nas metodologias internacionais “The Human Element®” e “LIFO®” que visam o desenvolvimento humano com foco em confiança, abertura e produtividade. Habilitada nas ferramentas de assessment Birkman e MBTI 1 e 2. Trabalhou por mais de 10 anos como executiva na área de RH e Marketing de Relacionamento, gerenciando KPIs, coordenando atividades de gestão de clima e programas de performance, além de oferecer apoio estratégico para conselhos de gestão, áreas de negócio, pares e equipes com foco no alcance de metas e consolidação da cultura organizacional. Professional Certified Coach – PCC pela International Coach Federation – ICF, atua como coach de liderança e vida desde 2002, com foco em produtividade humana e alta performance. Sua formação em coaching inclui The Inner Game, Transpersonal Coaching, Neurocoaching, Presence Coaching e Team Coaching, além de vários outros cursos e conferencias que já participou. Possui cerca de 4.000 horas de experiência em coaching individual, grupos e times. Foi Diretora de Desenvolvimento da ICF Capítulo Regional SP (2010/2017) e Diretora de Responsabilidade Social da ICF Brasil (2017/2018) respondendo também como Project Manager da iniciativa Ignite (projeto global da ICF Foundation atrelado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU). Em 2009 fundou a Transformação Consultoria em Desenvolvimento Humano, pois é apaixonada por pessoas e suas múltiplas possibiidades. Oferece palestras, workshops, facilitação em processos de desenvolvimento humano, coaching e mentoring sempre com o objetivo de estimular o protagonismo e a humanização das relações, tendo como principais eixos a produtividade humana (escolhas conscientes como base para a felicidade) e evolução cultural. Carlla gosta de se auto intitular “humanóloga”, termo que vem do conceito de Humanologia criado pelo Yogi Bhajan. O termo tem como ideias centrais a dignidade, nobreza, gentileza e a comunicação fluida e respeitosa. Para ela ser “humanóloga” significa estar à serviço olhando para o outro de forma profunda.

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