O Poder do Positivo Frente a Adversidade

“O que realmente precisamos é de uma mudança radical da nossa atitude em relação à vida”

-Viktor Frankl-

Todos estamos vivendo um momento de disrupção que segundo o dicionário Houaiss significa uma interrupção ou uma ruptura do curso normal de um processo (nossas vidas e rotinas). 

Certezas e controles foram ‘arrancados’ de nós todos sem exceção de classe social ou nacionalidades. Experimentamos em nossa realidade como é sentir-se Vulnerável, num ambiente Incerto, Complexo e Ambíguo (em inglês VUCA).   

Entretanto, por mais ansiedade que isso possa trazer, podemos aprender grandes lições e criar uma nova e realidade capaz de nos possibilitar atuar!

Vocês podem estar se perguntando: como fazer isso tendo que lidar com o isolamento social, com a diminuição da nossa ocupação habitual, com a revolução global da economia, com os impactos devastadores em nossos negócios? com tantas dúvidas e incertezas como: que medidas serão tomadas? até quando vamos ficar assim? qual será o movimento do mercado? como os investidores irão reagir diante de tanta instabilidade? como ficarão nossos empregos e salários?

Isso tudo certamente tem feito com que sejam criados padrões linguísticos negativos. Basta prestar atenção em si mesmo e nas pessoas a sua volta para identificar pensamentos do tipo: “não acredito que deixamos acontecer”, “não aprendemos nada com o que aconteceu nos outros países”, “vou enlouquecer”, “não vai dar certo”, “não vamos conseguir”, “aqui no Brasil isso não funciona”, “nossa realidade não suporta isso ou aquilo”, “não temos capacidade”, “não temos dinheiro”, etc., etc., etc. 

Esses pensamentos são normais e esperados, pois em situações extremas da vida, onde nossa sobrevivência física e integridade psicológica estão em jogo, o cérebro ativa uma resposta fisiológica coordenada e automática que envolve componentes autônomos, neuroendócrinos, metabólicos e do sistema imunológico, investindo energia para nos manter a salvo. As pesquisas em neurociência mostram que nesses momentos, diferentes estruturas cerebrais são acionadas e em especial as “amígdalas cerebelares”, responsáveis por detectar, gerar e manter emoções relacionadas com o medo, disponibilizando recursos do organismo para enfrentar a ameaça (seja ela real ou imaginária). Contudo, quando essa resposta ao estresse permanece continuamente ativa desencadeia o estresse crônico, o qual prejudica, e muito, nossa capacidade de perceber a realidade, ativar a cognição, ser criativo e estar disponível para cooperar, além de deixar o sistema imunológico desregulado. 

Portanto, frente a um infortúnio, depois do impacto inicial, o melhor a ser feito é colocar atenção nas possibilidades e oportunidades de soluções e para isso se faz necessário doses extras de consciência. Ao permanecermos alertas somos capazes de criar um campo positivo intencional com foco em aprendizagem e evolução. Acessar e gerar emoções positivas inundam o cérebro de hormônios que promovem prazer e bem-estar (serotonina e dopamina) o que facilita a organização das informações e a realização de análises mais claras da situação. 

Além disso, estudiosos afirmam que ao manter o cérebro concentrado no positivo obtemos três importantes benefícios, felicidade, gratidão e otimismo, fundamentais para enfrentarmos situações adversas, como, por exemplo, os efeitos da pandemia COVID-19. 

Adversidade, do latim adversĭtas,ātis  significa ‘antipatia, oposição, repugnância, aversão’. Interessante perceber que todas essas palavras expressão sentimentos em relação a uma situação indesejada, o que sugere uma grande necessidade de regulação emocional para lidarmos com situações desfavoráveis. 

Shawn Achor, autor do livro “O jeito Harvard de ser feliz”, reforça a importância de buscarmos oportunidades positivas e rejeitarmos crença limitantes em nossas vidas, ele afirma que dessa forma ofereceremos, a nós mesmos, o maior poder possível: “a capacidade de nos elevar não apesar dos contratempos, mas devido a eles.

Talvez seja a hora de experimentarmos isso!!

Acredito que as forças evolucionárias (conceito da biologia evolutiva que mostra que genes e cultura se interligam para moldar a evolução humana) estão nos colocando frente a um mundo que ainda não conhecemos e para viver nele é provável que o nosso principal trabalho seja o de nos concentrarmos no desenvolvimento integral do SER HUMANO, alinhando mente (inteligência), coração (sentimentos) e membros (ação). Me parece que esse é o nosso ponto de virada!

Precisamos de muita consciência para agir (sair do modo automático e pensar), por isso investir no estabelecimento e manutenção de uma mentalidade positiva, construtiva e desenvolvedora é muito saudável. Essa atitude favorecerá comportamentos mais empáticos, acolhedores, pacientes, sábios, flexíveis, criativos e resiliente. Assim será possível aprender com as dificuldades.

A neurociência já comprovou que nosso cérebro é capaz de criar realidade (ele não distingue o que é real daquilo que é imaginação, por exemplo,  quando imaginamos um objeto ou vemos o objeto real na nossa frente, uma sequência de neurônios e padrões criaram, da mesma forma, uma representação mental do objeto), por isso, cada um de nós pode interferir intencional, positiva e conscientemente na própria realidade e, consequentemente, na realidade coletiva.

Cada um de nós tem a responsabilidade e o desafio de ser exemplo, um exemplo verdadeiro daquilo que acredita ser bom e transformador.

Não se trata apenas de fé e sim de mudarmos nossas atitudes fazendo pequenas ações no presente, para criar a realidade futura conforme o desejado. 

Cada um de nós é um SER potencialmente repleto de recursos, o que precisamos é mudar a direção da nossa atenção e energia (de olhar externo para olhar interno) para acessarmos nossas mais preciosas forças, pois elas já estão ‘aqui’ e sabem surfar em ondas gigantes, tamanho de um tsunami.

Então, eu te convido a se reconectar com a sua essência, com o melhor das tuas possibilidades fazendo uma ‘viagem de volta para casa’. Esse exercício de olhar para dentro e ao mesmo tempo buscar o bem coletivo nos ensinará muito, em especial a fazer escolhas conscientes e nos responsabilizarmos por elas

Para isso, precisamos agir com generosidade e vontade, mantendo o coração aberto, a mente clara e entrando em sintonia com nossa espiritualidade (independente de religião).

Agindo no “EU” protegeremos o “NÓS”! 

A seguir, compartilho quatro dicas com pequenas ações diárias que podem te ajudar. Você pode experimentar outras coisas se quiser, esses são apenas exemplos de atitudes simples que venho experimentando no meu dia-a-dia, com resultados bem positivos. 

  1. Conexão com a Natureza – busque um jardim, o quintal da sua casa, a varanda do teu apartamento para tomar ar fresco, cuidar das plantas e flores e procure se mover devagar apreciando o momento, apenas observe, sem julgamentos, o que acontece com seus pensamentos, sentimentos e desejos. Sente-se em uma posição confortável, coloque atenção na sua respiração e busque calma. Escolha um elemento da natureza (sol, vento, água, planta, terra, o que desejar) e permaneça ali por alguns minutos (o quanto for agradável) e aproveite para perceber cores, cheiros, texturas, movimentos e como isso se conecta com você. Quando estiver satisfeito agradeça por essa possibilidade de interação entre o EU e a Natureza.
  • Resgate de antigos prazeres – que coisas você adora (ou adorava) fazer e deixou para trás porque estava te faltando tempo? Cozinhar, tricotar, ouvir música, tocar um instrumento, plantar flores, montar quebra-cabeça, bordar, montar e desmontar equipamentos elétricos/eletrônicos, ler, escrever? Escolha algo para fazer e resgate as melhores lembranças e emoções que puder, faça com que elas fiquem acessíveis e componham, de maneira intencional, seu campo de forças.
  • Reforce vínculos – converse mais com seu companheiro/a, seus filhos, ligue para familiares e amigos para ter notícias e oferecer suporte, use a Internet e faça vídeos chamadas (dá até para combinar um café ou almoço virtual J), cante na janela ou jogue (de varanda a varanda) frescobol com seus vizinhos (como temos visto em alguns países do mundo). Somos seres sociais e dessa forma manter relacionamentos 

agradáveis e gentis são muito importantes para nós, isso certamente irá manter nossa alma alimentada e feliz!

  • Alinhamento espiritual – invista tempo em práticas contemplativas como meditação, ioga, exercícios de mindfulness, tai chi chuam, produções artísticas (pintura, argila, mandalas, desenhos, etc.), redação de um diário, ouvir o canto dos pássaros ou o que mais você conhecer e imaginar. Dedique tempo de qualidade para isso e apenas acalme sua mente, ouça seu coração e sinta seu corpo.

Tenho certeza que alimentando a sua alma, mente e corpo de forma saudável você construirá, no presente, a melhor realidade futura que puder!

Invista no poder do positivo, esse tipo de investimento jamais enfrentará as intempéries do mercado 🙂

Ansiedade de Desempenho

O que é ansiedade de desempenho? De onde ela vem?

Ansiedade, um dos principais males do século XXI, é uma reação emocional caracterizada pela expectativa de algum perigo difuso, diante do qual o individuo se considera indefeso ou impotente. Ou seja, não consegue controlar.

A ansiedade contínua pode ser um sintoma catalizador de doenças importantes como, por exemplo, síndrome do pânico, fobias específicas ou social, TOC (transtorno obsessivo compulsivo), TAG (transtorno de ansiedade generalizada) e transtorno de estresse pós-traumático.

De forma simplificada, a ansiedade de desempenho é o medo de não dar conta de fazer algo com máxima competência e de atingir os resultados esperados por nós e/ou por nossos líderes. Entretanto, é justamente ela, a ansiedade de desempenho, que dificulta a conquista de bons resultados, pois pode gerar um ciclo vicioso de comportamentos disfuncionais como a falta de concentração, acumulo de tarefas, aumento das cobranças a nós mesmos e aos nossos liderados, podendo se tornar um gatilho para um processo  de distúrbio de ansiedade (conforme mencionado acima).

A ansiedade de desempenho atrapalha o avanço da carreira profissional e, assim, tornando-se um grande desafio a ser encarado.

Isso porque a ansiedade nos leva a uma constante preparação para o enfrentamento e com isso mobiliza nossas energias podendo ao tronar-se crônica gerar uma sensação de desânimo ou até mesmo de impotência que invade a cabeça do indivíduo e reduz a nossa autoconfiança quanto ao nosso futuro no trabalho. A pressão por resultados imposta a si mesmo gera dúvida sobre sua capacidade de cumprir tarefas e prazos estabelecidos, comprometendo ainda mais o rendimento esperado. Pensamentos de fracasso alimentam a ansiedade de desempenho, causando falta de foco e a criação de um círculo vicioso. Portanto, é possível concluir que a ansiedade de desempenho pode estar relacionada ao excesso de cobrança que as pessoas fazem a si mesmas. Essas cobranças podem vir do desejo de agradar alguém, do desejo de competição (se mostrar mais competente que outros) ou de momentos de baixa autoestima.

No mundo atual, onde a velocidade das mudanças são cada vez maiores e a necessidade de lidar com incertezas, complexidades e ambiguidades em nosso dia-a-dia se faz cada vez mais presente, as pessoas tentam estabelecer alguma sensação de controle se cobrando cada vez mais. Desejam apresentar performances espetaculares, perfeitas, querem se comportar sem falhas e atender a todas as expectativas (que na maioria das vezes nem são declaradas, fazem parte da imaginação daquele que se cobra).

É preciso compreender que isso nunca foi e jamais será possível, pois errar faz parte do processo evolutivo e da condição de SER HUMANO!

Para deixar essa questão ainda mais claras é preciso dizer que, muitas vezes, as pessoas deixam de agir como Protagonistas e passam a se colocar de forma bastante coadjuvantes nas situações. O medo de errar, a sensação de incompetência, o sentimento de vergonha por não atender a expectativa do grupo,  fazem com que o individuo vá minando suas forças e se colocando à margem de tudo a sua volta, e quanto mais o tempo passa, menos coragem o individuo tem de se assumir como Protagonista.

Investir tempo e energia se comparando com outros para buscar a perfeição idealizada, deixa o individuo ainda mais distante de suas conquistas. Pessoas que vivem dessa forma agem com pouca ousadia e criatividade, pois evitam tomar riscos. Isso é muito paradoxal, pois assumindo a postura de quem evita erros nos distanciamos da conquista de resultados diferenciados.

Infelizmente, essa cobrança pelo desempenho excepcional pode ser feita em qualquer aspecto da vida, seja familiar, sexual, social, profissional e outros. O que revela a necessidade de cuidar de si mesmo para evitar que a ansiedade o paralise.

Um exemplo real do que descrevi acima.

Trata-se da história do Alfredo (nome fictício do nosso protagonista), publicitário muito competente, criativo e, segundo seus colegas, gestores e clientes, um redator brilhante, capaz de produzir textos memoráveis. Alfredo era muito admirado na agência!

Ele me procurou porque, apesar de lidar de forma exemplar com as palavras escritas, tinha um medo enorme de falar em publico. Entrava em ansiedade só por saber que teria que se expor em alguma situação e, para deixar a dimensão do problema ainda mais clara, para ele falar em publico significava falar para outras duas pessoas. A convocação para qualquer reunião, ainda que apenas para ouvir um comunicado, era sinônimo de noites sem dormir à procura de uma desculpa convincente para não comparecer.

Certa vez, Alfredo recebeu uma proposta de trabalho fantástica de uma agência muito famosa. Soube que o convite tinha sido motivado em função da qualidade de seu trabalho, criatividade e… pelos seus brain storming.

Tudo (quase) acertado, o executivo o convidou para uma reunião, na qual ele se apresentaria aos demais sócios da empresa e aos futuros colegas. Alfredo sabia que só́ um bom desempenho naquela reunião lhe garantiria aquele emprego (sonho de muitos publicitários). A empresa tinha como filosofia o trabalho em grupo, por isso a equipe opinava sobre as contratações.

Então, Alfredo decidiu que era chegado o momento de “vencer o medo”.

Para isso, se impôs da missão de não pensar no problema e seguir adiante, afinal já estava na hora de superar aquela “frescura”.

No dia e hora marcados foi para a reunião, encantado com a ideia de conseguido vencer o problema, acreditando que “aquela bobagem de medo era coisa do passado”.

A recepcionista o conduziu até a sala de reuniões e, diante da porta aberta, Alfredo teve uma visão aterradora, havia uma mesa enorme com umas vinte cadeiras e era sua primeira visita à empresa, e foi a última também. Acreditem, ele desmaiou e teve que ser socorrido. Ao recobrar os sentidos quase morreu de vergonha e nunca mais teve coragem de restabelecer contato com aquelas pessoas.

Mas o que foi que aconteceu?

De forma consciente, Alfredo acreditou que tinha bloqueado o medo, contudo em seu inconsciente o medo só cresceu e naquele instante transbordou.

Esse é um fenômeno que já acometeu vários atletas, às vezes um individuo ou equipe estão muito bem preparados, completamente capazes de ganhar uma medalha de ouro, por exemplo, mas a cobrança interna fruto do medo de decepcionar (o técnico, colegas ou a Nação) gera grande ansiedade provocando uma forte descarga de adrenalina na hora errada, o que leva tudo por água à baixo. Em contrapartida, quando não há ansiedade de desempenho, a descarga adequada de adrenalina (o famoso friozinho na barriga) contribui favoravelmente para uma boa performance, mas para isso é necessário um bom preparo e ajustamento emocional.

Para se livrar, ou passar a lidar melhor com a ansiedade de desempenho é preciso aprender a regular as próprias emoções (a prática de meditação, a manutenção do foco na respiração, exercícios de ressignificação ou projeção da situação podem ser fortes aliados) e desenvolver a resiliência. Dessa forma será possível evitar que a ansiedade atrapalhe a conquista dos resultados desejados.

Uma das ações mais eficazes para contornar esse problema no ambiente corporativo é a busca de estratégias eficientes como o estimulo a pensamentos positivos, garantia de preparo para execução das atividades propostas e o reconhecimento de valor, ou seja, reconhecer a si mesmo (e ao outro se você for um gestor) por pequenos êxitos ao longo da caminhada até o objetivo final. Essas pequenas atitudes ajudam a elevar a autoestima, criando um campo propicio para o sucesso.

Vale à pena destacar que, uma mudança no estilo de vida é essencial para combater a ansiedade, e isso inclui atividades físicas, alimentação saudável, contato social prazeroso e lazer.  Além disso, trabalhar a gestão dos pensamentos e sentimentos através do autoconhecimento pode ajudar, e muito, no desenvolvimento da autoconfiança. Esse trabalho pode ser feito sozinho ou com a ajuda de um profissional.

Outra dica interessante para esse tipo de ansiedade é a troca de experiências em grupo, onde ao ouvir as histórias uns dos outros, é possível identificar com maior facilidade o ‘modus operandi’ do excesso de cobrança e o quanto isso é contraproducente. Além disso, quando um membro do grupo compartilha uma situação de sucesso, encoraja os demais a continuarem buscando seus caminhos para vencer as dificuldades.

Espero que você tenha feito boas reflexões e que leve os aprendizados para seu cotidiano!