“7 erros a serem evitados pelo novo coach”

No Brasil, a atividade de coaching ainda não é oficialmente reconhecida como profissão, mas com experiência de mais de 15 anos como coach profissional, eu gostaria de, humildemente, recomendar que, aqueles que se propuserem a exercer essa atividade a considerem com a seriedade e responsabilidade de outras tantas profissões. Isso significa preparo específico, desenvolvimento das competências exigidas, atualizações frequentes, foco, vontade de fazer um trabalho muito bom, dedicação e, acima de tudo, acreditar, genuinamente, no potencial dos outros.

Não dar atenção a esses aspectos, infelizmente, tem feito com que muitos se aventurem no mercado usando inadvertidamente o termo coaching ou se apresentem como COACHES, sem ao menos terem formação específica e consistente, achando que é uma atividade simples que pode ser exercida por qualquer um. Sem sombra de dúvida, esse é o maior erro que qualquer pessoa pode cometer ao pensar em ser um coach.

Para refletir: Será que por ser uma mãe zelosa e capaz de cuidar da saúde do meu filho eu posso me apresentar como médica pediatra?

Meu objetivo ao escrever esse texto é alertar sobre erros comuns e também oferecer minha contribuição afim de apoiar novos colegas em suas respectivas jornadas como coaches.

Eu não sou contra cometer erros, afinal eles são parte integrante do desenvolvimento, mas podemos errar erros diferentes quando nos abrimos para aprender com os erros cometidos por outros, certo? Por isso, abaixo você encontrará os sete erros mais comuns que um coach iniciante pode cometer, seguidos de comentários e recomendações.

Os 7 erros mais comuns cometidos, principalmente por novos coaches:

1 – Acreditar que ao terminar sua formação já está pronto para vender seu serviço de coaching.  Cuidado!  Coaching não é teoria, é pratica, muita pratica!

Fazer uma formação consistente e, preferencialmente reconhecida por alguma instituição, como por exemplo o Internacional Coaching Federation – ICF, não o tornará um coach, mas te oferecerá conhecimento para que você inicie sua pratica de forma estruturada e profunda. Antes de sair vendendo seu serviço de coaching pratique (recomendo pelo menos umas 50h) oferecendo atendimentos probono (sem pagamento).

Responda para você mesmo… gostaria de pagar por um produto ou serviço que ainda não está completamente pronto?

O que você pode oferecer de mais poderoso para conquistar o mercado e ter bons clien- tes é a sua credibilidade, portanto não se arrisque.

Seja ético e transparente com quem você convidar para ser um cliente alfa (cliente que aceitará te ajudar no inicio da sua carreira como coach), informe que você ainda está praticando e agradeça pela oportunidade que aquela pessoa está te oferecendo (e você a ela).

Além disso, tenha um supervisor e/ ou um mentor!

2 – Ter “Gula de Coaching”

Fique atento para não querer atender clientes com demandas que se aplicam melhor a outras modalidades de desenvolvimento (psicoterapia, consultoria, aconselhamento, aula, etc.). Na ânsia de ganhar experiência e começar a atender, alguns coaches se deixam levar pelo que um dia aprendi com o nome de “gula terapêutica” (aqui chamei de “gula de coaching”) e achar que todo e qualquer tipo de necessidade é questão de coaching. Isso não é verdade!! Às vezes o que a pessoa precisa é outra coisa e como essa é uma pratica muito nova no Brasil, temos o dever de dizer ao cliente prospect o que é e o que não é coaching, deixando claro a diferença em relação a outras modalidades de desenvolvimento que existem.

Exerça com efetividade e sabedoria seu papel de coach na essência.

3 – Querer se responsabilizar pelo sucesso do processo
Querer ser ótimo profissional não o torna responsável pelo sucesso dos processos que conduz, lembre-se que um dos princípios do coaching é justamente acreditar no potencial do outro e estimula-lo a ser o protagonista da sua própria jornada. Por isso, é muito importante desde o inicio fazer uma boa contratação, deixando claro os papéis de cada um, responsabilidades, forma de funcionamento do processo e sessões e os limites do coaching. Lembre-se, sempre que for necessário você pode e deve rever o contrato de coaching, deixando claro para seu cliente que a responsabilidade pelo sucesso depende muito mais dele do que de você.

4 – “Caminhar” sozinho

A atividade de coaching é individual, mas não se isole, não acredite que já tem todas as respostas, não pense que já aprendeu tudo. Manter-se conectado a uma comunidade global de coaches profissionais que compartilham do compromisso com a qualidade e rigor de uma educação continuada, certamente irá proporcionar muita troca quanto a métodos, estudos inovadores e pesquisas no campo do coaching. Você precisará disso para oferecer o melhor a seus clientes.

Admitir que não está pronto é um gesto de sabedoria,  isso signfica muito para a carreira de um profissional sério. Investir na troca com colegas mais experientes ou até mesmo participar de um programa de supervisão ou mentoria em coaching mostra seu interesse em ser o melhor profissional que puder ser.

Acredite, com um supervisor ou mentor coach que tenha experiência você irá com- partilhar uma história de sucesso (sua e dele). Talvez essa seja a principal característica de um coach de sucesso!

5 – Fazer de tudo

A maioria dos coaches acham que basta se formar e estão prontos para sair atendendo tudo e todos, independente de terem um foco ou nicho definidos. Os iniciantes tendem a se anunciarem como uma espécie de “faz tudo” em coaching, o que é péssimo para imagem do profissional. Coaches sérios determinam seus nichos e se tornam especialistas. Acredite, seus clientes não cairão do céu, mas também não os terá apenas porque fez um site bonito ou montou sua fanpage, o que realmente faz a diferença é sua capacidade de criar credibilidade e interagir de maneira estratégica com seus potenciais clientes.

Estude, pesquise, escreva e mostre o quanto você se dedica a um nicho específico do mercado.

6 – Acreditar que coaching é o uso sistemático de ferramentas
Os novos coaches tendem a se apoiar fortemente no uso das ferramentas de coaching, principalmente se saem de uma formação onde elas são “vendidas” como “tabuas de salvação” para o processo (a tal garantia de segurança). Não se fie nisso e cuidado para você não se tornar um profissional qualquer. Por outro lado, reconheço que as ferramentas estruturadas e, algumas vezes escolhidas antecipadamente, são uteis, mas apenas quando utilizadas com brevidade e sabedoria pelo coach, ao mesmo tempo reafirmo que não serão elas as responsáveis por garantir o sucesso e a qualidade do trabalho realizado.

Afinal, você quer ser um coach ou um aplicador de ferramentas?

Para conduzir o coaching de forma personalizada e profunda, como se presume que aconteça, não utilize ferramentas como se tivesse que seguir um roteiro previamente definido, (lembre que a agenda deve sempre ser do cliente). Um coach deve aprender a usar sua intuição, sua capacidade de manter presença e escuta ativa, para extrair o melhor de seus clientes através de perguntas poderosas.

7 – Não cuidar do próprio desenvolvimento
Você já foi coachee num processo completo? Se sua resposta for não, fique atento, será que você nunca teve que lidar com alguma questão na sua vida onde o coaching poderia apoia-lo?
O que estou querendo com essa pro-vocação é faze-lo pensar sobre a importância de passar pela experiência de ser um coachee e de seguir buscando seu caminho de desenvolvimento continuamente, seja para o seu papel de coach ou para qualquer um dos papéis que exerce na sua vida social (pai, mãe, filho, amigo, voluntário, lider comunitário, etc.)

Seja um coach responsável e feliz, isso te levará ao sucesso!!!

Produtividade Humana – o novo nome da Felicidade

“Ser feliz não é viver apenas momentos de alegria, é viver com paixão e coragem para aprender, desaprender e reaprender. É saber para onde ir e simplesmente caminhar. É se propor a fazer e celebrar as conquistas.” (Carlla D’ Zanna)

Felicidade é um conceito intimamente ligado a motivação, meus estudos e observações, ao longo dos últimos 7 anos, me fazem acreditar nisso.

Segundo David McClelland, psicólogo e professor de Harvard, os motivos sociais (ou necessidades humanas) são responsáveis pela forma como as pessoas pensam, sentem e, consequentemente, agem. Felicidade tem a ver com ação, pois são nossas conquistas, sejam quais forem, que nos trazem essa tão almejada sensação. A motivação é responsável pela energia (força vital) e esforços dispendidos para alcançar um determinado objetivo, sem eles não poderíamos nos mover na direção pretendida.

Cada pessoa é 100% responsável pela própria felicidade, e isto é comprovado pela neurociência ao demonstrar que através da ativação do córtex pré-frontal esquerdo conseguimos produzir sensação de prazer.

Então, ouso definir felicidade como um ‘lugar’ (espaço) – “Pódio de Vida”-  conquistado através de uma conexão fluida que cada um de nós é capaz de estabelecer com a própria essência.

E produtividade? Para isso, contarei um pouco de história, pois classicamente, trata-se de um conceito originado pelas crescentes demandas industriais do inicio do século XX, quando Henry Ford criou a Linha de Produção, revolucionando os processos de fabricação. A indústria mundial passou por várias mudanças e a produção em massa se faz necessária. Em 1950, a Comunidade Econômica Europeia definiu, formalmente, o conceito de produtividade como sendo o “quociente obtido pela divisão do produzido por um dos fatores de produção”. Produtividade passa a ser associada à eficiência e tempo gasto para produzir. Desde então, o grau de produtividade de um agente econômico (pessoa, empresa, país, etc.) passou a ser um dos melhores indicadores do nível de eficiência e eficácia, tornando-se uma medida relevante para aferir performance. Segundo Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna, a produtividade é o melhor indicador da eficácia da gestão. Em resumo, “produtividade significa fazer mais e melhor com menos recursos”, ou seja, quanto menor for o tempo levado para obter o resultado pretendido garantindo alto padrão de qualidade, mais produtivo é o processo, o sistema ou etc..

Mas isso parece cartesiano demais, como é possível pensar em comportamento humano x produtividade? E o que é que isso tem a ver com felicidade?

De fatoTudo! E para chegar a essa afirmação busquei estudos e teorias que me ajudaram a conectar Produtividade, Comportamento Humano e Felicidade.

A primeira vez que ouvi a expressão “Produtividade Humana” foi com Will Schutz, psicólogo e Ph.D criador do método The Human Elementâ, voltado ao fortalecimento das relações e ampliação da produtividade das equipes (Teoria FIRO – Fundamental Interpersonal Relations Orientation), e me lembro de ter pensado: “se produtividade humana significa ter habilidade para se manter flexível (capacidade de respeitar as diferenças) e aberto (ser capaz de falar de si para os outros de forma autentica) nas relações, a fim de resolver com agilidade e sucesso, qualquer tipo de impasse e assim ser mais eficiente na conquista dos resultados…”, então posso dizer que essa tal ‘PH’ é a capacidade de obter os resultados desejados na vida, com máxima eficiência e mínimo desgaste emocional. Será isso mesmo?

Tim Gallwey, em seu método de coaching “The Inner Game”, afirma que a performance de uma pessoa é o resultado do seu potencial menos as interferências, o que é traduzido na seguinte equação: Pf = Pt – I.

Somando isso ao que Drucker afirma sobre performance, posso dizer que o potencial humano é igual as suas realizações, ou seja, o próprio nível de produtividade do indivíduo. Desta forma, passei a pensar que PH é algo como a capacidade do individuo promover transformações pessoais ao longo da vida de tal forma que possa permanecer o máximo de tempo possível sobre seu “pódio de vida”.

E o que é Pódio de Vida? É um espaço pleno criado por cada um de nós, onde tudo flui com o máximo aproveitamento potencial e mínimo desgaste psicocomportamental (as tais interferências referidas por Gallwey). É o espaço para o qual desejamos caminhar quando iniciamos uma jornada de desenvolvimento e aprendizagem. É o lugar que cada um pode chamar de felicidade, pois é lá que toda conquista tem uma dose de prazer e todo prazer tem uma dose de conquista. O psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi, que idealizou a Teoria do Flow (do inglês: fluir) parece compartilhar dessa visão, pois propõem que, para estarmos nesse espaço de fluidez, ao longo da vida, devemos produzir sempre com muita espontaneidade, a partir de um estado mental de grande concentração ou presença e que, para isso, sempre deve haver equilíbrio entre as habilidades do indivíduo e os desafios assumidos (sejam eles propostos por si mesmo ou outros).

Concluindo, é possível dizer que todas as vezes que um individuo estiver sobre seu Pódio de Vida, seu índice de Produtividade Humana será elevado, indicando eficácia em relação a própria vida. Ou seja, Produtividade Humana é o quociente obtido pela divisão do nível de satisfação com o que um indivíduo produz na vida pelo tempo e energia emocional utilizados. E me atrevo a dizer que felicidade é o nome dado ao resultado dessa divisão, o que me leva a deduzir que Produtividade Humana é igual a Felicidade.

Como coaches nos propomos a apoiar as pessoas a se moverem e com isso atingirem seus Pódios de Vida, por isso somos fortes aliados das pessoas no alcance da tão almejada Produtividade Humana.

“Ser Coach”, Missão ou Formação?

Olá amigos,

Hoje vou compartilhar com vocês um pouco da minha história e minhas crenças sobre “Ser Coach”, pois fazer um curso de formação em Coaching é possível para muitos, mas “Ser Coach”, é para poucos.

Desde criança eu queria trabalhar com gente, sempre adorei pessoas e mais ainda de saber porque elas pensam como pensam, agem como agem, ficam felizes ou tristes, possuem desejos e fazem coisas para realiza-los ou apenas esperam que uma espécie de “mágica”  ou milagre lhes proporcionem o que querem.

Calma …  não vou contar a história da minha vida inteira, apenas uma introdução que dará sentido ao que virá a seguir.

Ouvir as histórias das pessoas sempre foi um prazer e procurava ouvir além daquilo que diziam com a voz. Queria conhecer suas experiências, crenças, pensamentos e sentimentos, sempre respeitando suas escolhas.

Decidi estudar psicologia!

Me especializei em psicologia organizacional, pois o mundo corporativo parecia ser repleto de idiossincrasias, jogos políticos e exigências comportamentais, terreno fértil para quem gosta de desafios e se interessa pela dinâmica do comportamento humano.

Tenho orgulho da carreira que trilhei e hoje sou uma pessoa realizada por ter sido capaz de “Ser Coach”.

O que há de especial nisso?

Você sabe que não somos a nossa profissão, não somos nosso cargo corporativo e dizer que sou coach significa muito para mim, pois representa uma forma de olhar o mundo, de dar significado para as pessoas e de fazer minhas escolhas na vida.

Eu sou apaixonada por gente e suas possibilidades, tantas e nem sempre conhecidas. Acredito no potencial que existe em cada um de nós!

Por isso, busco continuamente pelo meu próprio desenvolvimento, isso me ajuda a manter minha integridade (integração de todas as partes que somadas me revelam) estabelecendo conexões produtivas e poderosas com meus clientes.

“Ser Coach”, é uma missão de vida, pois foi dessa forma que escolhi oferecer a melhor parte de mim para a sociedade e, aqueles com quem trabalho me presenteiam confiando em mim para apoia-los na extração do seu máximo potencial e alcance do “pódio pessoal” ( resultados desejados com o máximo de felicidade).

Coaching é um ato genuíno de amor!

“Ser Coach” é ser capaz de doar-se e celebrar cada pódio que o outro conquistar!

Carlla Zanna – Coach por paixão

O Passado da Profissão do Futuro

por Carlla Zanna – Senior Coach

Considerada a nova tendência em gestão de pessoas e desenvolvimento humano, a prática do “Coaching” vem sendo ampliada nos últimos anos. Existem várias abordagens, escolas e atuações. Mas como foi que ele surgiu?

Para responder a essa pergunta gostaria de convidá-lo a fazer uma viagem muito divertida pelos caminhos que nos trouxeram até aqui.

Começaremos nossa turnê muitos séculos atrás, precisamente, no século IV e V a.C. na Grécia Antiga. Nosso primeiro encontro será com os importantes filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles, que embora não utilizassem a expressão “Coaching”, faziam uso da maiêutica para apoiar seus discípulos no processo do florescer intelectual, ou seja, aprender a aprenderem.

E o que é maiêutica? Como isso se conecta com o Coaching?

A maiêutica socrática, instrumentação argumentativa do filósofo de elenkhos, significa o ‘dar à luz intelectual’, ou seja, buscar a sua verdade dentro de si mesmo. Sócrates fazia isso levando seus interlocutores a questionar e duvidar de seu próprio conhecimento, além de fazer com que eles concebessem, de si mesmos, uma nova ideia ou opinião sobre o tema, a partir de questões simples que os ajudavam a ‘fazer nascer’ ideias complexas. “A maiêutica baseia-se na ideia de que o conhecimento é latente na mente de todo ser humano, podendo ser encontrado pelas respostas a perguntas propostas de forma perspicaz.” Durante essa busca, inevitavelmente, as pessoas passam pela autoreflexão – nosce te ipsum (“conhece-te a ti mesmo”), procurando verdades universias como: bem-estar, plenitude e virtude. Portanto, Sócrates e Platão com enorme capacidade para dissecar fatos e situações através do recursos acima mencionado e Aristóteles que orientou Alexandre O Grande na busca de novas formas de enxergar a vida, apoiando-o a estabecer mudanças de comportamento para alcançar suas vitórias e conquistas, já praticavam “Coaching”. Por isso, mesmo que a expressão não fosse empregada como a conhecemos hoje, esses mestres da filosofia já se utilizavam do processo de estimulo a descoberta pessoal através de perguntas poderosas capazes de ampliar a consciencia e levar individuos a uma conexão com o seu melhor, podendo, desta forma, ter novas percepções de si e da realidade.

Séculos e séculos se passaram até que adentramos o século XV d.C., onde surgiu, pela primeira vez a palavra coach. A origem deste termo vem do hungaro Kocsi. Kocs é uma cidade na Hungria onde as carruagens, veículos para transporte de pessoas, começaram a ser produzidas com muito primor. Para designar tal transporte utilizou-se a palavra coach ou em português coches. Os condutores dos coches (sinônimo de carruagem) eram denominados cocheiros e tinham como missão conduzir seus passageiros ao destino desejado. Assim, podemos imaginar “Coaching” como sendo o processo de condução entre o ponto ‘A’ e um determinado destino ‘B’, sempre definido por quem tomava a carruagem. Neste sentido, também nos conectamos com a prática atual do “Coaching”, onde se deve conduzir um processo de desenvolvimento com objetivos claramente definidos e determinados pelo coachee (aquele que recebe coach).

Viajando um pouco mais chegamos ao século XIX, mais precisamente no ano de 1850, onde o mesmo termo – coach – passa a ser atribuído aos professores e mestres de universidades, em especial quando se tratava de um tutor com responsabilidade por auxiliar o estudante na preparação de testes e exames.

E como foi que chegamos até aqui, saindo das carruagens para os mestres?

Existem duas versões britânicas para isso. A primeira metáfora diz que o coach era o tutor que guiava as crianças pelos campos do conhecimento, em analogia às carruagens que carregavam familiais pelos campos da Inglaterra. A segunda é que as famílias muito ricas, em longas viagens, levavam servos que liam lições em voz alta para as crianças no interior das carruagens e então se dizia que os pequenos tinham sido coached – instruídos dentro da carruagem. Essa segunda versão é mais aceita pela maioria dos estudiosos.

Seja como for, coach possui uma origem de servir ao outro e isso revela, sobremaneira, a essência desta nobre atividade.

Andamos, andamos, andamos, de carruagem, e enfim chegamos ao século XX!

Aqui, já podemos admirar a ciência se intercambiando, pois “Coaching” é o resultado de uma síntese de vários campos do conhecimento, como andragogia, gestão de mudanças, potencial humano, psicologia, teorias comportamentais, pensamento sistêmico, neurociência, biologia, linguística, entre outros. Cada um desses campos possui modelos teóricos e abordagens próprias de “coaching”, formando assim um rico painel de possibilidades e formas de aplicação.

Continuando nossa aventura, chegamos aos anos dourados, 1950, e a expressão coach é usada pela primeira vez como uma habilidade de gerenciamento de pessoas, atualmente conhecida como líder-coach (diferente do coach profissional, mas esta é uma outra aventura para percorrermos um dia). Neste momento da história, se identifica o valor do desenvolvimento de pessoas e a valorização das competências do individuo nas organizações.

Começa uma nova fase para o “Coahing”. Passamos a ouvir a expressão coach, para denominar os treinadores de atletas das universidades americanas, em especial para os esportes coletivos. Pouco depois, cada atleta ou equipe passou a ter um coach para auxiliar na busca da excelência a partir da potencialidade do ou dos indivíduos. Aqui a Europa já se faz presente fazendo o mesmo uso do termo.

Chegamos então ao ano de 1960, começa uma década revolucionária no que tange aos costumes, músicas, artes plásticas e política. O mundo ocidental é sacudido por movimentos de contestação política e cultural, como os movimentos das mulheres, dos negros, dos “gays”, das chamadas “minorias”, de estudantes e de trabalhadores, como o maio de 68 na Europa e o movimento por mais verbas e mais vagas dos estudantes brasileiros. É um momento onde o status quo está sendo questionado e as pessoas clamam por maior valorização do SER HUMANO. Em meio a este turbilhão, em Nova Iorque, em um programa educacional, foi colocado pela primeira vez conceitos e habilidades de Coaching de Vida – o Life Coaching. Posteriormente este programa foi introduzido no Canadá, onde foi aperfeiçoado com a introdução de técnicas e ferramentas para a resolução de conflitos e problemas.

Nos anos 1970, o norte-americano Timothy (Tim) Gallwey, considerado o precursor e fundador do conceito de “Coaching” como é conhecido nos dias de hoje, foi pioneiro no movimento da psicologia aplicada ao esporte e ao mundo corporativo. Na época, seu método foi considerado revolucionário, pois levou vários atletas a se destacarem. Um dos grandes favorecidos do método de Tim Gallwey – THE INNER GAME – foi o ex tenista Pete Sampras. A diferença do seu método está em trabalhar os aspectos comportamentais do atleta, em especial as variáveis que tem maior impacto para a conquista do objetivo desejado, estimulando a capacidade do atleta aprender se divertindo. Ele não fica preso aos aspectos técnicos do jogo ou do jogador, respeita o modus operandi de cada individuo acreditando que todo conhecimento já está com a pessoa, o coach apenas ajuda o individuo a revelar tudo o que está latente. “Coaching é uma relação de parceria que revela, liberta o potencial das pessoas de forma a maximizar o desempenho delas. É ajudá-las a aprender ao invés de ensinar algo a elas…” (Timothy Gallwey).

Depois dele, temos sucessores incríveis como Sir John Whitmore, campeão de corridas de automóvel e responsável pelos modernos conceitos de Coaching para Performance e Coaching Transpessoal; David Hemery, medalhista olímpico de salto com obstáculos e David Witaker, coach da equipe Olímpica de Hockey.

Neste momento o “Coaching” começa a ganhar força dentro dos meios empresariais, e sua utilidade se mostrará mais significativa na década de 80.

Anos 1980, o mundo está mudado, dizem alguns, ainda temos muito a fazer, dizem outros, o importante é que houve muita mobilização de massa nessa década e isso mexeu sensivelmente com a crença das pessoas sobre si mesmas e seus valores. Além disso, neste mesmo período aconteceu a grande expansão do Vale do Silício e o “Coaching” entra no mundo organizacional como um processo de apoio a realização de metas e performance, vindo a se consolidar como profissão no mundo dos negócios. Programas de liderança passam a incluir o conceito de “Coaching Executivo” e a partir deste momento, o “Coaching” surge como uma poderosa ferramenta de desenvolvimento humano pessoal e profissional.

Ainda neste mesmo período, em 1980, nasce, pelas mãos da mestre Marilyn Atkinson, a Erickson Internacional College, escola que se propõem a desbravar caminhos para consolidar a formação de profissionais em “Coaching”. Eles definem como missão, a integração das vastas investigações realizadas por sua fundadora com as demandas globais, oferecendo para toda comunidade de coaches ao redor do mundo, um programa de capacitação que se tornou referencia no mercado.

Chegando aos anos 90 e a globalização está pulsando. Neste momento, é fácil perceber que o “Coaching” já está disseminado e que muitos passam a se interessar por esta nova atividade, principalmente no Brasil, onde ele ainda era muito pouco divulgado. O “Coaching” passa a ser reconhecido como a forma mais eficaz para promover mobilidade humana.

O “coaching” ganha novo status, quando é reconhecido como um processo profundo, onde os indivíduos podem resgatar o seu máximo potencial, eliminando as interferências internas e externas, com objetivos claros de se alcançar ‘pódios pessoais’ compostos de performance e diversão.

Enfim, chagamos ao século XXI e é crescente o numero de coaches no mercado, assim como o numero de escolas de formação, por isso a necessidade de se ter um a instituição que possa balizar a aplicação e conduta desta nova ‘profissão’ (ainda não reconhecida oficialmente como tal, no Brasil). Para tanto, desde 1995, contamos com o International Coaching Federation – ICF, que é a principal organização mundial dedicada ao avanço da profissão de “coaching”, estabelecendo padrões elevados de educação e modelo ético.

Cada vez mais, indivíduos e organizações, reconhecem o valor de um Processo de Coaching.

Nos últimos anos, o “Coaching” vem ganhando credibilidade e conquistado respeito e reconhecimento com diferentes focos: Vida, Bem-estar, Saúde, Executivo, Profissional, Carreira, entre outros. Esse sucesso está associado ao fato de oferecer benefícios reais às pessoas e despertá-las para, muitas vezes, o resgate de uma percepção de consistência em sua autoestima, uma sensação de eu posso, eu consigo, eu sou responsável pelas minhas escolhas e pela minha vida. Esse “empoderamento”, do inglês empowerment, agrada muito a todos e, consequentemente eleva os índices de entregas com alto padrão de qualidade.

Porque o “coaching” é a profissão do futuro?

Simplesmente porque as pessoas estão cada vez mais ávidas e estimuladas a se tornarem melhores para si mesmas.

Vale à pena alguns dados estatísticos, pois nos EUA, das 22 milhões de pequenas empresas, 22% delas utilizam algum tipo de Coaching e a projeção garante um aumento de 50% nos próximos anos (Infinita Research). Um estudo publicado no Public Personnel Management Journal, conclui que profissionais que participaram de treinamentos gerenciais aumentaram em 22,4% sua produtividade. E aqueles que tiveram Coaching, após esse mesmo treinamento, aumentaram sua produtividade em 88%. Segundo a Revista Fortune, mais de 40.000 Executivos possuem Coaches nos Estados Unidos.

Enfim, basta fazer uma análise da população brasileira e saber que o campo é vasto e ainda há muito o que ser feito.

Espero que você tenha se divertido muito durante esta leitura e se interessado e seguir com seu processo de aprendizagem contínua, pois só quem é capaz de desaprender para seguir aprender aprendendo será um coach eficaz.

Para você que deseja ser coach, procure uma boa formação, comprometa-se e seja bem-vindo.

Carlla D’ Zanna

Abril/2013