O cérebro do empreendedor

Por Katia Gaspar

Coach de empreendedorismo

Um dos temas muito em voga nos últimos anos tem sido o empreendedorismo. Muito na linha da inovação que já faz parte dos comportamentos esperados da maioria das empresas, e que vem sendo tratado como o Santo Graal que nos salvará da mesmice e içará uma empresa ou negócio ao patamar daqueles que se beneficiaram do espírito empreendedor como Facebook, Twiter, Apple entre outros. Esse conceito tem despertado interesse entre pesquisadores e jovens que buscam entender seu mecanismo e a receita para encontrar aqueles, entre nós, com esse talento tão raro. Apesar de parecer um tema recente, o conceito de empreendedorismo foi introduzido por Peter Druker há mais de 20 anos, em seu livro Espírito e Inovação. O livro aborda o empreendedorismo através do comportamento e da atitude do empreendedor e as mudanças necessárias para garantir que esse comportamento tenha um impacto positivo nas organizações e na sociedade.

Define- se como empreendedor “qualquer pessoa que tem a capacidade de encontrar soluções para os problemas”. Estas soluções não se originam apenas quando discordamos das práticas convencionais, mas também quando pensamos “out of the box”.

É importante lembrar que o verdadeiro empreendedor entende que as soluções encontradas tem o compromisso de gerar receita e/ou uma experiência positiva a todos os “stakeholders”. O empreendedor tem a mente voltado para o benefício do todo e não para si mesmo.

Alguns acreditam que as pessoas já nascem empreendedoras e que é necessário mover céus e terras na busca por esses talentos tão raros e tão valorizados, mas recentes pesquisas mostram que o comportamento do empreendedor pode ser desenvolvido. Com o avanço da neurociência, tem sido possível estudar como a mente do empreendedor funciona. A partir do entendimento do cérebro, podemos desenvolver nas pessoas o comportamento e a atitude do empreendedor.

Como já foi dito, a principal característica de um empreendedor é a sua atenção voltada para a solução do problema. Isso tem papel fundamental para criar novas conexões cerebrais. Quando o indivíduo foca na resolução de um problema, o pensamento muda na direção das ações necessárias para resolver essa situação específica.

A tomada de decisão e a busca de soluções é uma função cerebral localizada na região do cérebro chamada córtex pré-frontal, que fica atrás da testa e é uma parte do córtex geral. Foi a última região do cérebro a ser desenvolvida na evolução do ser humano e corresponde a 5 % do volume total do cérebro. O córtex pré-frontal é responsável por processar as informações e criar as conexões necessárias quando buscamos respostas para certos impasses.

O processo da atividade de consciência feita pelo córtex pré-frontal consome muita energia. Essa energia precisa ser usada de maneira eficaz e a forma que o cérebro empreendedor encontra é manter o foco na visão (nesse caso a solução do problema) e assim desenvolver alternativas viáveis para alcançar esse objetivo.

Além da habilidade de planejar ações com foco na visão, pessoas com comportamento empreendedor são menos inibidas e intuitivamente reconhecem que é da ação que derivam o aprendizado e novas as idéias a serem testadas. São essas idéias e aprendizados que fornecem ao cérebro novos caminhos neurais e aumentam a possibilidade de novas conquistas.

A mente do empreendedor visualiza sempre um rompimento. Ele rompe com o próprio modelo mental e se lança em um processo criativo de inovação mas mantendo a consciência de que toda a inovação envolve riscos calculados. Isso mantém uma certa lógica ao processo criativo e gera resultados realistas apesar de inovadores. Isso também faz com que pessoas que tem o comportamento empreendedor quando confrontadas com problemas são mais rápidas em encontrar uma solução.

O fato é que existem pessoas que naturalmente possuem atitudes e comportamentos de empreendedor, porém todos tem o potencial para desenvolver sua capacidade de criar soluções a partir da compreensão de seus talentos, gerando benefício para todo entorno. Assim seria possível trabalhar certas competências que são essenciais no desenvolvimento pessoal e profissional do individuo, tais como: automotivação, autoconfiança, consciência emocional, relacionamento interpessoal, visão estratégica, entre outras. Descobrir, compreender e desenvolver esses comportamentos para contribuir para um mundo em constante mudanças. Buscar soluções pode ser desafiador mas extremamente relevante. Pessoas que se abrem para desenvolver esse espírito e essa capacidade de criar soluções tem o potencial para encontrar as oportunidades e gerar novos produtos e serviços. Desta forma estas pessoas se tornam essenciais para o sucesso de uma organização e trazem benefícios à sociedade.

Quando a Arte favorece o Coaching (case)

Essa é a história de Kiki Orona* uma mulher profundamente simples que acreditava pouco quem si e no seu potencial e que, através do coaching e da sua arte, descobre que ela é muito maior do que poderia imaginar ou sentir, ela descobre que é a soma das várias facetas de mulheres extraordinariamente incríveis, existentes no imaginário humano (e no seu próprio).

Há pouco mais de seis meses recebi em meu escritório uma cliente com a seguinte questão: “quero produzir mais, ganhar mais dinheiro e seguir sendo uma pessoa simples e tranquila, não quero perder minha essência e meu prazer”.

Começamos a trabalhar e logo de cara ela me conta uma história que viveu que revela seu máximo potencial e sua descrença em si mesma. Ela dava poder demais aos outros e abafava o seu melhor. Foi no terceiro encontro que juntas descobrimos um caminho incrível para trilhar, tratava-se da “Série Mulheres”.

Quando perguntei a minha cliente o que ela tinha de melhor para colocar a disposição do coaching ela rapidamente disse que era a sua arte e que durante o processo pintaria sua primeira série de quadros que seria intitulado “As Mulheres”.

Embarquei com ela nesta jornada e trilhamos caminhos inesperados. Foi uma viagem incrível pelo mundo das descobertas pessoais, das possibilidades e conquistas. E assim como numa banda de jazz, Kiki Orona. me mostrou o que iria tocar antes mesmo das primeiras notas e a relação de confiança se estabeleceu de maneira forte e produtiva. Isso me permitiu desafiá-la quando necessário para distender seu potencial.

E chegou a primeira mulher, seu nome é Amélia. Ela é descrita como “…uma mulher de verdade, não é submissa e tem dois olhos grandes para sempre olhar no fundo dos seus olhos. Boca grande, fala tudo o que deseja, mas quando se cala o silêncio é enorme. Nua como vim ao mundo, forte e pura como o amor.” Logo após ver a imagem de Amélia e ler o seu descritivo pensei: “como é interessante essa mulher, mas quantas coisas ela carrega consigo que eu desconheço…” e com esse grande presente pude começar minha investigação genuinamente curiosa, como uma criança que deseja conhecer mais e mais o novo que lhe é apresentado.

A segunda mulher chama-se Jurema, ela é a “guerreira de sabedoria das matas, vive livre e confiante. Quando veio para este mundo JUREMA jurou em ser feliz para os seus antepassados. Têm um seriume ( seriedade ) no rosto e uma desconfiança nata, e é mais forte que um pé de bacuri ( espécie de palmeira da região do pantanal )”.

A terceira mulher apareceu azul, de nome Celeste. “Muito segura de si é bem espiritualizada e conversa com os anjos. Quando Celeste nasceu sua mãe pensou em colocar o nome de Serena, pois sua mãe logo percebeu que sua filha veio ao mundo super serena. Celeste é azul porque veio do mundo celestial, ela é de uma alma celestial que levita sobre nossas cabeças, tem visão de águia. É segura de si porque acredita na pessoa que é, o céu está a seus pés. Vim de um mundo azul e tudo pode ficar azul nesta imensidão.

E foi aqui que realmente as coisas começaram a ficar “azul”. Esse foi o memento da virada de chave, onde Kiki Orona passou a confiar em si mesma de forma diferente e passou a conquistar o espaço desejado na vida.

A quarta mulher é a Severina. Ela extrapola seus limites!!! Descrita como “uma mulher simples com muitas palavras e um grande coração. De uma alma pura Severina sempre se virando no mundo, para ela não tem tempo ruim. Severina se vira tão bem que foi até para a China ver as muralhas”.

As barreiras existem e é necessário enxerga-las se quisermos transpô-las.

A quinta mulher é Geni. “Esta Geni é bem diferente daquela música do Chico Buarque, ela é bem integra das suas atitudes, tá sempre sorrindo e feliz, não me lembro de ver ela muito triste.
Mas sempre admirei como ela é singela. O poema desta minha Geni é:

Joga pétalas na Geni!


Ela é feita para amar, 
ela é boa de curtir!

Felizarda GENI!


Ela ama qualquer um!
Bendita GENI!”.

Com o passar do tempo minha curiosidade não diminuía, ao contrário e isso possibilitou a Kiki Orona. fazer as descobertas mais incríveis sobre si mesma, pois ao contar sobre suas mulheres falava de si e fazia conexões poderosas para sua aprendizagem e transformação. Sua dinâmica de vida, aos poucos foi mudando, assim como o retrato de suas mulheres.

A sexta mulher chegou muito diferente, inclusive em sua descrição.

TEREZA DA PRAIA – Tereza começou a surgir neste mundo como a DEUSA VÊNUS, veio lindamente pelas correntes marítimas do mar mediterrâneo, Grécia antiga e parou no nosso nordeste. Assim chegou Tereza da praia sua alma foi feita com as espumas das ondas e o seu corpo foi esculpido com as areias da Bahia. Tereza da praia é uma mulher sedutora, amável, linda em todos os sentidos, fiel nas suas escolhas mais as vezes balança na integridade consigo mesma. No meu olhar ela é tão generosa, inteligente, ,cúmplice do nosso amor e de uma beleza estonteante que eu até esqueço que ela é minha musa inspiradora não só para as telas mas para várias coisas. Tereza chegou na minha vida desta forma arrebatou meu coração e me hipnotizou de amor, cuidados, admiração, companheirismo, orgulho, e tantos outros sentimentos que vai ficar pequeno para esta folha de papel”.

A sétima mulher veio Josefa. “Linda e rara como uma pérola negra e forte como uma árvore de aroeira. Josefa filha de africanos que vieram parar em Salvador, ela brincava na Lagoa do Abaeté. Josefa feliz de sorriso frouxo e brilho nos olhos, olhos negros como a noite mais no fundo destes olhos existe uma galáxia de estrelas brilhantes. A vida de Josefa foi cheia de aprendizados da alma e o crescimento do espírito e a alegria de SER e NÃO de estar. Porque o que vale para ela é SER.”

Estamos chegando ao final da nossas jornada e Josefa vem para nos mostrar que trilhamos bons caminhos.

A oitava e ultima mulher da série é a Maria de A a Z. Ela representa a soma e o resgate do melhor de todas as mulheres anteriores, só que agora ela se coloca no lugar de vida que sempre desejou. É possível se identificar com ela porque Maria representa a integridade, a sensibilidade, a maior conquista de todas, a conquista de si mesma.

Q.O. descreve Maria como sendo a “mãe  de todos acolhedora  de  uma  paz  íntegra. Eu  sou Maria  da Graça, meu  nome  é  perfeito para mim,  vejo graça  em  tudo,  a graça  não  está  só  em   um sorriso   mais sim na transformações  das  situações  da vida. Quando  digo que  é  Maria  de A a Z digo porque  é  um  nome  que têm  todo  o abecedário  e este  é  um dos  motivo  para eu me sentir completa e plena. MARIA , MARIA é  um dom  é  uma  força  que  nos  alerta.”.

Ela chegou no seu pódio pessoal, ela subiu e comemorou sua jornada com orgulho e humildade, com sabedoria, suavidade e força.

E assim o coaching aconteceu, éramos Kiki Orona., eu e as oito mulheres que nos conduziram por trilhas de descobertas, ansiedades, alegrias, medos e florescimento.

Eu aprendi muito sobre mim mesma durante essa jornada. Coaching é troca, coaching é uma relação entre iguais, onde ambos ganham. Percebi que “As Mulheres” não estavam ali para serem analisadas ou julgadas, elas estavam ali apenas para serem contempladas e sentidas.

Sendo assim, afirmo que essa experiência deixa claro que o fio condutor do processo de transformação humana é o respeito ao outro, o respeito ao desejo do outro. O outro que você considera porque sem ele não é possível fazer nada, ele é o único e maior dono de si mesmo e do seu caminhar.

Hoje afirmo que “o estado da arte é ser capaz de entender a coisa como ela é e deixar fluir acreditando (tendo fé) nas máximas possibilidades das pessoas e digo, o amor pode assim ser traduzido.

Obras em ordem cronológica:

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* Kiki Orona é o nome da grande figurinista e artista plástica que me deu a honra de ser minha coachee. A publicação do seu nome artístico foi um pedido que ela mesma me fez.

Por Carlla D’ Zanna                                                                                                                                                                           Outubro/2014