Autoconhecimento – uma estratégia singular para o desenvolvimento

Você gostaria de ser uma versão melhor de si mesmo a cada dia? 

Está disposto a investir tempo e energia no seu próprio desenvolvimento?

Se sua resposta for SIM será necessário mergulhar em si mesmo e suas idiossincrasias, o que é um grande desafio, e também nosso ponto de partida!

Para entender toda complexidade do humano que nos habita será necessário ir além daquilo que é superficialmente expresso, será necessário adotar uma postura generosa, com olhar e escuta profunda e integral para ampliar sua consciência sobre si mesmo.

Todo processo de desenvolvimento é exigente, pois requer disposição para experimentar coisas novas (pensamentos, sentimentos e comportamentos), afinal quem não evolui chega sempre aos mesmos lugares (resultados). 

Para ajuda-lo em sua evolução continua escolhemos como fundamento o conceito da “Trimembração do Ser Humano”, ideia estabelecida por Rudolph Steiner, criador da antroposofia. Trata-se de observar o corpo a partir de suas três partes distintas, cabeça, tronco e membros.

Na cabeça predominam estruturas frias, de baixa vitalidade e alta especialização tendo como representante maior o cérebro, que guarda o PENSAR. Em contraposição, no abdômen e membros predominam estruturas mobilizadoras com intensa atividade metabólica, processos de regeneração celular, impulso muscular e sustentação do corpo, onde se guarda o QUERER. Finalmente, entre esses dois pólos está o tórax (tronco) que acomoda os órgãos rítmicos, coração e pulmões, estruturas quentes que guardam o SENTIR, promovendo o equilíbrio e interação saudável entre a cabeça e os membros. 

“No coração tece o sentir.

Na cabeça luze o pensar.

Nos membros vigora o querer.

Luzir que tece, tecer que vigora, e vigorar que luze.

Eis o Homem.”

Rudolf Steiner 

Conhecer e entender as dimensões que conferem a essência do ser, sua individualidade e as forças interiores de seus pensamentos, sentimentos e “quereres” facilita muito a jornada de desenvolvimento e aprendizagem.

na “mente” estão – os fatos, conceitos, argumentos, ideias e lógica 

no “coração” estão – as emoções, valores e vivências 

nos “membros” estão – a energia, intenções, vontades, propósitos e motivação 

A dimensão do Pensar está localizada no sistema neurossensorial, onde é possível identificar a capacidade do ‘pensar saudável’ que acessa a cognição, o intelecto e a memória. Possui qualidades como lógica, clareza, transparência, objetividade, racionalidade, etc. e, segundo pesquisadas realizadas, o cérebro tem o papel de identificar tudo que não é material, quando captado pelos órgãos dos sentidos, mantendo apenas a essência. Por exemplo: dos alimentos ele capta o gosto, das montanhas a imagem, do ar o frescor. Ou seja, de todas as interações que temos com o mundo, o cérebro registra o sumo da experiência e constrói um mapa mental único (não existe um cérebro igual a outro), onde passam a residir os nossos ‘saberes’. Essa dimensão está ancorada no passado, em nossa história, educação e vivencias. O pensar revela muito sobre o indivíduo, pois é nele que estão nossos referencias de vida. Portanto, se você quiser sentir coisas diferentes e fazer coisas diferentes, necessariamente terá que ampliar a qualidade dos pensamentos.

A dimensão do Sentir está localizada no sistema rítmico e tem como núcleo o coração, o guardião da coragem (do latim coraticum – cor (coração) + aticum (ação),  ação do coração). É o sentir que conecta o pensar (cabeça) e o querer (membros) nos mobilizando para as mudanças. A energia do sentir é volátil e atua entre polaridades de simpatia ou antipatia, do gosto ou não gosto. Por exemplo: se você está dirigindo um carro com tranquilidade e, de repente, é fechado por outro 

veículo é natural uma instantânea mudança de energia (de tranquilo para agitado) e todo sistema rítmico é alterado (respiração, frequência cardíaca e pressão sanguínea). Portanto, para compreender o que realmente acontece nessa dimensão é necessário se despir das racionalizações, inferências e julgamentos. Conseguir ter uma percepção acurada dos próprios sentimentos já é bastante desafiador, pois infelizmente com o tempo temos a tendência de generalizar nossas emoções (emoções genéricas: incomodado, desconfortável, bem, mal, normal, etc.). Imagine então como é complexo conseguir ter uma percepção cuidadosa sobre as emoções de outros!? Por isso, ter e manter uma postura fortemente empática é condição indispensável para nos conectarmos emocionalmente com os outros. 

O sentir se ancora no presente, representando o reflexo emocional sobre os momentos vividos.

A dimensão do Querer está localizada no sistema metabólico motor. É nessa dimensão que o agir volitivo se encontra e, comumente se realiza em estado de inconsciência (ações automáticas ou hábitos). É no querer que colocamos o pensar em ação e isso acontece através do movimento dos membros, deslocamento do ar quando falamos, etc. Por exemplo, um escultor, ao ver um bloco de mármore pode imaginar uma bela obra de arte (PENSAR), mas que se tornará realidade apenas quando ele, com seus músculos e movimentos for capaz de lhe dar forma (QUERER), mostrando que as forças do querer são complementares as do pensar, pois é o querer que materializa nossas imagens mentais. No querer encontramos as forças de transformação do ser humano, os instintos e, eventualmente as cobiças. 

O querer se ancora no futuro, é a visão que nos faz realizar.

Todo processo de desenvolvimento mobilizará essas forças. O sucesso está em conseguir, de forma consciente, equilibrar as três dimensões, PENSAR, SENTIR E QUERER. Esses padrões (princípios arquetípicos) estão muito presentes em cada um de nós, identifica-los, respeitá-los e conhecer o que pode ser aprimorado pode favorecer muito nosso desenvolvimento e elevar a qualidade das nossas interações abrindo caminhos de cooperação. 

Cuidar do próprio desenvolvimento é desafiador, buscar apoio de alguém com postura construtiva e integradora pode nos ajudar a descobrir como é a “versão atualizada” que desejamos para nós mesmos; versão essa que irá nos levar, com maior facilidade, até onde pretendemos (nossas conquistas, objetivos, resultados). 

Contudo, o outro só será capaz de nos ajudar se soubermos o que pedir. Dessa forma, um primeiro e relevante exercício para essa jornada de desenvolvimento é escutar a si mesmos de maneira profunda e se observar para identificar padrões de pensamentos e sentimentos, os quais são as verdadeiras fontes de energia e comportamento de cada indivíduo. 

Ao fazer esse exercício será possível reconhecer (em si mesmo e nos outros) os padrões de quem age mais a partir de cada uma das esferas humanas: 

pensar – são pessoas argumentativas, com ideias e discursos excelentes, elucidam conceitos de forma didática e brilhante, mas possuem dificuldade para realizar

sentir – são pura emoção, pessoas movidas pelo impulso tendem a ser consideradas imaturas, sonhadoras, explosivas, destemperadas ou até mesmo superficiais e ingênuas, pois possuem dificuldade para conectar o pensar e o fazer

querer – são pessoas que fazem o que tem que ser feito, agem antes de tudo, mas possuem dificuldade para pensar, para avaliar as consequências dos atos e pouco se apropriam dos conceitos de uma determinada situação, podendo atropelar outros.

Lembre-se, o melhor das nossas possibilidades, nosso máximo potencial, emergirá com mais força e efetividade quando formos capazes de equilibrar as três dimensões humanas!

Fonte: Liderança Realizadora – LUMO

Publicado por

Carlla Zanna

Psicóloga especializada em Psicologia Organizacional, pós-graduada em Desenvolvimento Humano e MBA em Recursos Humanos. Possui formação em consultoria com base na antoposofia. É certificada nas metodologias internacionais “The Human Element®” e “LIFO®” que visam o desenvolvimento humano com foco em confiança, abertura e produtividade. Habilitada nas ferramentas de assessment Birkman e MBTI 1 e 2. Trabalhou por mais de 10 anos como executiva na área de RH e Marketing de Relacionamento, gerenciando KPIs, coordenando atividades de gestão de clima e programas de performance, além de oferecer apoio estratégico para conselhos de gestão, áreas de negócio, pares e equipes com foco no alcance de metas e consolidação da cultura organizacional. Professional Certified Coach – PCC pela International Coach Federation – ICF, atua como coach de liderança e vida desde 2002, com foco em produtividade humana e alta performance. Sua formação em coaching inclui The Inner Game, Transpersonal Coaching, Neurocoaching, Presence Coaching e Team Coaching, além de vários outros cursos e conferencias que já participou. Possui cerca de 4.000 horas de experiência em coaching individual, grupos e times. Foi Diretora de Desenvolvimento da ICF Capítulo Regional SP (2010/2017) e Diretora de Responsabilidade Social da ICF Brasil (2017/2018) respondendo também como Project Manager da iniciativa Ignite (projeto global da ICF Foundation atrelado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU). Em 2009 fundou a Transformação Consultoria em Desenvolvimento Humano, pois é apaixonada por pessoas e suas múltiplas possibiidades. Oferece palestras, workshops, facilitação em processos de desenvolvimento humano, coaching e mentoring sempre com o objetivo de estimular o protagonismo e a humanização das relações, tendo como principais eixos a produtividade humana (escolhas conscientes como base para a felicidade) e evolução cultural. Carlla gosta de se auto intitular “humanóloga”, termo que vem do conceito de Humanologia criado pelo Yogi Bhajan. O termo tem como ideias centrais a dignidade, nobreza, gentileza e a comunicação fluida e respeitosa. Para ela ser “humanóloga” significa estar à serviço olhando para o outro de forma profunda.

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